Prólogo

Nome: São tantos nomes, tantos rostos. Por hora basta que me chame de Sandman se te faz feliz

Local: Aqui, alí, acolá, onde a próxima página em branco se abrir

O que amo: Contos, RPG,
Musica, Livros, Poesias,
Filmes, beijos

O que odeio: Palavra forte demais
O que não tolero: falsidade, hipocrisia,
pergunta idiota, gente futil.

Minhas Metas: Ser feliz
não importa onde

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3:20 PM
 

Que se abram as cortinas. o espetáculo retorna...


Bem bem bem.. como minha inspiração retirou férias, na verdade fugiu descaradamente com um cocheiro qualquer..eu vou ceder temporariamente o meu palco aos textos de um grande amigo-irmão. Ladies and Gentlemans.. segue o próximo ato..

Deus. Já passam das 23. Eu olho para os lados e tudo o que eu vejo são papeis e coisas para resolver. Maldito emprego. Tateio meu bolso a procura de cigarros. Graças a Deus achei um maço amassado que tem uns dois. O suficiente para eu sair do prédio e comprar mais no caminho para casa. Falando em casa, Suzan deve estar para morrer. E Taylor não deve ter ido pra cama ainda. Maldita cidade. Maldita sujeira. Suzan já está fervendo de raiva. Ela quase não me vê mais, não tenho tempo para ver meu filho. Tudo o que eu faço é trabalhar, prender, atirar... Talvez eu devesse sair. Mas se eu fizer isso. Quem vai cuidar da cidade? Pensando nessas coisas eu me pego de cabeça baixa, apenas segura pelos meus braços apoiados na mesa. Levanto a cabeça devagar. Não pega bem para o chefe de polícia ser visto por ninguém em uma posição de fraqueza. Mas o que tem aqui? Só o bom e velho Angus MacTaggart. Tão louco quanto eu. Trabalhando até essa hora. Obcecado por uma limpeza que cada dia que passa eu vejo mais longe. Tão comprometido quanto eu. Maldita cidade. Levou outra alma. Acendo o cigarro devagar. Ignoro o sinal de proibido fumar. Eu que mando aqui, não uma maldita placa. Quer saber, melhor eu ir embora para casa, antes que minha esposa venha me buscar com o rolo de macarrão. Me levanto devagar, organizo os papeis minimamente. Quem sabe se eu sair agora eu ainda consiga colocar o Tay na cama. Visto meu terno. Deixo um sorriso escapar enquanto meu olhar cruza com o de Mac. Ele sabe que eu estou indo pra casa. Ele é o homem para segurar as pontas enquanto eu estou fora. Talvez eu devesse me aposentar e passar o cargo para ele. Ele eu sei que manteria a ordem na cidade. Ainda sim, temo pela vida dele. Caminho na direção de Mac, calmo, aliviado por estar conseguindo sair antes da meia noite. Mas esse som... Esse som me faz parar. Olho para Mac com a expressão carregada de preocupação. Mac me retorna com o olhar de desaprovação. Esse olhar dele. Eu sei o que quer dizer. “Não pegue o telefone, Frank. Não pegue”. Eu quase posso ouvir ele me falando isso. Mas eu sou teimoso. Minha mão alcança o aparelho em cima da mesa quase que automaticamente. Coloco o telefone no ouvido.
- Depto de Polícia de Dark City. Stevens falando.
O oficial do outro lado me comunica sobre uma grande operação de drogas. Denuncia dos cidadãos. Meu programa funciona, apesar de algumas falsas denuncias, estamos indo bem. Coloco no viva voz. Mac precisa ouvir isso. Droga, Mac. Não me olha com essa cara. Eu sei o que você esta pensando. Que é uma mentira e que vamos morrer.
- Tudo bem sargento. Estamos a caminho.
Assim que desligo o telefone eu posso ouvir o pesado bufar de Mac desaprovando a minha resposta. Eu sei o que você pensa, Mac. Que eu sou um velho teimoso. Mas eu tenho que ir. Pego o rádio.
- Sargento Lomax, aqui é a central. Responda.
Silêncio.
- Sargento Lomax. Na escuta, câmbio?
Deus, Lomax. Responde essa porcaria de rádio. Não é possível
- Droga Lomax, aqui é o Stevens, se você não pegar esse rádio agora vai ter que pedir para um médico tirar ele do seu rabo amanhã.
Finalmente ouço resposta. Passo para o Sargento o endereço que me foi dado. Pobre Lomax. É um bom homem. Preguiçoso, porém um bom homem. Deve ter estacionado o carro num canto fora da cidade para dormir. Peço para ele ir com reforços. Explico para ele do que se trata. E ouço a voz tremula do homem do outro lado do rádio.
“O Senhor não acha melhor esperar os reforços para ir?”
Pobre Lomax. Só quer o meu bem. Mas se eu demorar, talvez não sejamos capazes de prender os bandidos.
- Se apresse Lomax. Eu não quero morrer. Não hoje. Over and Out.
Solto o radio em cima da mesa. Trago o cigarro enquanto caminho em passos apressados na direção do elevador. Vou pegar meu carro e vou dar um jeito nesses traficantes. Mas o que é isso? Ouço passos? Paro enfrente ao elevador e olho para trás. E lá vem Mac com um grande charuto na boca e um sorriso canastrão. Carregando dois coletes a prova de balas. Me entrega um e quase me afunda na parede. Gestos bruscos. Denotando a clara insatisfação dele. Velho Maluco. Caminhando ao meu lado de encontro a morte. Maldita cidade. Devolva a alma do meu amigo. Fique com a minha. Entramos no elevador. Mac não fala comigo nem olha na minha cara. Eu coloco o colete. O elevador faz aquele som característico quando está próximo de abrir a porta. Mac me olha. Com os olhos ele me pergunta mais uma vez se eu realmente quero continuar com isso. A porta se abre e eu dou passos decididos na direção do carro. Abro a porta, jogo meu terno no banco de trás. Sento no banco do motorista, ligo o carro e o rádio. Misturado ao som do motor do carro sendo forçado e as cantadas de pneu devido à grande velocidade que eu ia, ouvia-se um blues no rádio. Eric Clapton – Sinner`s Prayer. Adequado eu diria. Sinto algo no bolso da minha calça. O celular. Só pode ser Suzan. Não vou atender. Se eu disser para ela o que eu estou indo fazer, ela vai ficar preocupada, prefiro ignorar. Ao longe, eu e Mac vemos a fazenda. Encosto o carro na estrada. Vamos tentar chegar desapercebidos. Saio do carro, corro na direção do porta-malas. Abro. Mac já estende a mão e pega o rifle automático. Arma de guerra, mas a cidade pede uma dessas. Maldita Cidade. Pra mim, sobra a escopeta e outra pistola. Nada mais justo. Tudo certo, tranco o carro, coloco a chave embaixo do pneu traseiro esquerdo. É o procedimento que eu ensinei para Mac caso algo aconteça comigo e ele tenha que fugir. Mac solta um riso irônico e me estende o dedo médio, deixando claro que não iria sair dali sem mim. Velho Maluco. Caminho devagar na direção dele com um meio sorriso nos lábios.
- Obrigado.
Mac apenas retribui o sorriso com aquele enorme charuto preso aos dentes. Ele olha para o céu e diz: “Lord, have mercy on us...” Eu não posso evitar de rir. Citou a música que estávamos ouvindo. Eu disse que ela era adequada. Acendo mais um cigarro. Preciso fumar numa hora dessas. Eu e Mac vamos caminhando pelo canto mais escuro que encontramos. Nos aproximando da fazenda. Até agora nada. Talvez tenha realmente sido uma denuncia falsa. Eu caminhando lado-a-lado com Mac. Ele tenso e com toda a atenção voltada para salvar nossas vidas. Estamos dentro da fazenda já. Aqui não tem mais mato nem árvores para nos esconder. Se alguém nos ver somos alvos fáceis. Lá no fundo eu vejo uns carros. Uma limusine. Quem esta envolvido nisso tem muita grana. Nossa chance de prender mais um peixe grande. Nos aproximamos devagar. E então nós vemos. Muitos homens armados, eu contei 15 a vista. Um caminhão. E no centro dois homens conversando. Um de terno, muito bem vestido, provavelmente o dono da limusine e outro com roupas mais casuais. Duas partes de um negócio sujo. Duas classes sociais que se odeiam, mas nessa hora, são os melhores amigos. Maldita sujeira, Maldita Cidade. Um som vindo atrás da minha cabeça. Um estalo. Uma arma engatilhando. Seguida de uma voz cheia de soberba de um rapaz que não deveria nem ter 20 anos. “Parados ai, Velhotes...” E um riso escroto de superioridade. Olho para Mac. Ele está na mesma situação que eu. Pisco para ele. Ele entende o recado. Viro pra trás com toda a velocidade que minha idade me permite. Um golpe simples e o garoto é desarmado. Em seguida um soco no rosto, para ele cair no chão e um chute na cabeça para ele desmaiar. Mac faz tudo praticamente igual. Até mesmo com mais eficiência eu diria. Ele é mais jovem, tem mais facilidade. Mac e eu arrastamos os garotos desmaiados para um canto, tentando não chamar a atenção. Em vão. Outro garoto vê a gente bem de longe. Maldita juventude. Como consegue enxergar nessa distância, essa hora da noite. Ele dispara um tiro. Erra, mas erra feio. Mas de qualquer maneira, esse foi o estopim. Todos ouviram o tiro e agora sabem que estão em perigo. Eu e Mac temos que manter eles ocupados, até os reforços chegarem. Penduro a escopeta no ombro, saco as pistolas e começa-se o tiroteio. O garoto que deu o tiro foi facilmente abatido por Mac. Como atira bem esse velho. Me lembra de mim, na idade dele. Corremos a procura de abrigo. Balas voando. Atiro a esmo na direção da Limusine. O ricaço não vai fugir. É ele que eu quero. Ao fundo um som familiar. As sirenes. Boa, Lomax. Demorou mas veio. É um dos poucos homens que se salvam nessa cidade. Maldita Cidade. E as balas continuam voando pelo céu. A minha sorte é que além de Mac ser um excelente atirador, esses capangas não sabem o que fazer com uma arma a uma distancia maior do que 10 metros. Eu e Mac juntos já levamos uns 6. De uma mini-van estacionada em um canto eu vejo uma garota correr. Ela tem os braços amarrados. Um dos homens corre na direção dela. Aponto a arma, aperto gatilho. O homem cai. A garota me olha com os olhos arregalados. Ela não deve ter mais do que 20 anos. Não tenho tempo para trocar olhares. Já dou alguns tiros em outra direção, esperando que a garota seja esperta o suficiente para sair dali. As sirenes cada vez mais perto. Vamos conseguir, Mac. Corremos em outra direção, para buscar abrigo. É aí que eu tenho uma sensação esquisita. Um impacto muito forte no meu abdômen. Toco de leve, por reflexo. Mas que diabos. Está molhado. Levo meus olhos pra minha mão. Sangue. Merda, tomei um tiro. O mundo fica sem som. Minhas pernas falham. Eu tropeço. Com esforço me mantenho ainda em pé, correndo, cambaleando. E eu sinto novamente. O mesmo impacto. Dessa vez na altura do ombro esquerdo. Esse me empurra para trás. O corpo pesou. Eu tento, em vão, fazer um esforço para ficar de pé. A arma escorrega da minha mão. Eu sinto o chão ir de encontro às minhas costas. Tudo o que eu vejo é o céu estrelado. Giro a cabeça para o lado e vejo John. De joelhos. Com o rosto surpreso. Aí então eu entendo a surpresa dele. Lembro que estávamos de colete e ainda sim as balas passaram facilmente por nossas proteções. Calibre pesado. Mac me olha, eu estendo a mão para ele, acreditando por um segundo que seria possível alcança-lo e arremessa-lo para longe. O charuto cai da boca dele. E em seguida, ele vai ao chão. Ao fundo. O homem de terno corre. Forço os olhos para tentar ver quem é. Mas eu tenho 55 anos. Minha visão não funciona mais tão bem como antigamente. É isso. É o fim. Eu não ouço mais nada. Só vejo o corpo de Mac tentando se arrastar para o Magnum .357 dele que está no chão, a alguns metros. Velho maluco. Se meteu nessa comigo, está a beira da morte e não desiste. Tudo culpa dessa cidade. Maldita cidade. Meus olhos estão pesados. Se fechando devagar. Não demora muito e já estão fechados. Não ouço nada. Não sinto nada. Só sinto o meu celular no bolso de trás da calça, vibrando. Suzan... Taylor... Minha amada família. Me perdoem. Do nada eu sinto uma mão no meu pescoço. Ouço um grito: “Ele está vivo. Venham!!!” Faço uma força descomunal para abrir os olhos. Vejo um homem com a jaqueta dos paramédicos. Ele me manda ter calma e diz que tudo vai ficar bem. Giro os olhos, vejo Mac sendo colocado dentro de uma ambulância em uma maca. Os olhos dele estão abertos. Graças a Deus. Sinto alguém colocando algo embaixo de mim. A maca provavelmente. E enquanto o médico prende meu pescoço, me forçando a olhar para cima para me transportar sem colocar a minha coluna em risco, eu vejo a garota. Ela me olha. Ela esta bem. As mãos livres, chorosa, um cobertor grosso a sua volta. Sentada perto de outra ambulância. Ela vai viver. Que bom. O Médico coloca no meu rosto uma máscara para eu respirar melhor. Droga. Ele vai me colocar pra dormir. Eu não quero dormir. Eu quero a Suzan. Malditos médicos... Malditas armas... Malditas drogas... Maldita sujeira..... Maldita Cidade...
Este texto é do Thiago Akino - http://euxeumesmo.blogspot.com - Visitem.. eu recomendo!
Abração.. irmão.. e sócio!
Vê se paga a porra do aluguel em dia!


Rabiscado por Sandman

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