Prólogo

Nome: São tantos nomes, tantos rostos. Por hora basta que me chame de Sandman se te faz feliz

Local: Aqui, alí, acolá, onde a próxima página em branco se abrir

O que amo: Contos, RPG,
Musica, Livros, Poesias,
Filmes, beijos

O que odeio: Palavra forte demais
O que não tolero: falsidade, hipocrisia,
pergunta idiota, gente futil.

Minhas Metas: Ser feliz
não importa onde

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1:04 PM
 

Quanto riso ó.. quanta alegria..


Bailava.
A máscara que definia um rosto de alegrias pueris vez ou outra parecia liquefazer entre o escuro das sombras que contornava os olhos. Mas bailava.
Era qualquer dia de carnaval, pois em muito não se lembra a data. Não se sabe se perdeu-se entre a quarta que inicia ou a de cinzas que termina. Mas bailava.
Em meio a pessoas que para outros significavam alegrias, quantidades, ali aos olhos dela eram apenas letras e números de um balé trôpego e sem importância alguma e ainda assim, bailava.
Mesmo na incerteza de que conseguiria um carro para ir para casa ao final do baile, ou de que seus pés agüentariam dançar por tanto tempo. Mesmo que tivesse medo de seus sonhos era festa.. era baile e ela bailava. Com aquela agonia que lhe tomava o peito. Com a cabeça a borbulhar de perguntas que naqueles dias de folia não haveria quem respondesse. Como se em qualquer outra data do dia houvesse.
E os passos paravam. Os pés paravam de dançar aquela valsa que para ela era tão triste. Embora todos os outros continuassem dançando e girando como porta estandarte exibindo-se em um desfile momesco. De repente não havia mais música, não havia mais cor, nem mesmo a alegria do salão. Estava só em meio aquela multidão de fantasiados risonhos e bêbados, deturpados em seu mundo cego de marionetes sem graça. E então o vazio.
Aquele enorme salão repleto de fantasiados. De pessoas que erguiam suas máscaras de mentiras, falsidades e hipocrisias, estava para ela então.. vazio. Não ligava para as pessoas que esbarravam nela enquanto caminhavam buscando sabe lá deus o que.
Ela parava.
E aquela agonia.. que sobe ao estomago e transborda aos olhos vinha numa enxurrada de gotas salgadas que brotavam e manchavam ainda mais de negro sua pintura tão alegre.. desfazia a mascara de alegria de todo dia.. Havia dor de não saber.. o desespero de querer e ansiar.. havia ela.. E haviam olhos que a espiavam, numa mascara de olhos tão escuros quanto os que ela usava. Olhos intransponíveis por trás daquele sorriso plástico aquarelado. Olhos que pareciam compreender a agonia que ela sentia no meio daquele salão. Ou não. Talvez a ânsia de se encontrar a fizesse ver a si mesma em qualquer pessoa ou lugar. E o cheio salão vazio parecia ainda mais vazio. Nem mesmo o eco dos passos, das vozes ao longe. Nada.. Apenas ela.. os olhos e o caminho entre eles. Segundos de uma cumplicidade até então desconhecida. Ele caminhou até ela. O sorriso plástico nunca lhe pareceu tão sincero. Ela não moveu-se para sair daquele trajeto pré definido. A mascara tapava todo o rosto do Arlequim. Permaneciam os olhos.. Misteriosos olhos. Inquietantes olhos. E o sorriso era novamente dado. Como ela sabia? Nem ele mesmo sabia. Talvez a insistência de ver através da mascara do Arlequim. Mas era festa.. era carnaval.. era dia de serem mascarados.. e havia algum dia que não eram? Mas ali.. ali era o baile de mascaras. A mão na luva quadriculada em branco e preto dele era estendida. Aguardava que ela deixasse que a mão tocasse a dele.. Para um gracejo fora de hora. Um abaixar do corpo.. um cortejar desajeitadamente gentil. E a guiava para o meio do salão novamente. Era carnaval. E ela deveria ser a estrela da festa.A puxou para dançar, a levou em girares e rodopios envolvendo em braços protetores. Como talvez ela precisasse para dormir em paz naquele dia. A festa acabou ao quase amanhecer. O salão se tornou vazio.. e eles foram os últimos a saírem. Ainda dançavam em sorrisos plásticos reais. Mas ela não quis ir para casa. Preferiu a segurança de dormir sob o céu nos braços do mascarado desconhecido. Pela primeira vez, ela soube quem era. Não ficou triste ao abrir os olhos de manhã e perceber que ele não mais estava ali. Havia apenas a mascara e o cheiro do homem no corpo vestido da Colombina. E do alto da árvore Samekiel a observava. Havia visto o baile, a dança, o amanhecer, o sair. E permanecia todo o tempo proximo, a observar. Manteve-se a olhar quando ela se ergueu desajeitadamente arrumando a roupa amassada e seguiu a passos calmos para casa. Com um sorriso cândido no olhar e a ácida alegria fazia parte novamente de seu semblante.



Rabiscado por Sandman

5 :... Encontre a si mesmo ...:

12:55 PM
 

O Sonho...


- Está atrasado.
Era a voz que retumbava em sua mente, e ele sabia de cor a expressão que vinha junto. O rosto fechado e com um suave biquinho desenhado nos lábios vermelhos. Vinha pensando nisso enquanto seguia a pé o curto caminho entre a sua casa e a dela. E estava sim atrasado. Hoje ele se perguntava quantos anos de atraso... mas na época. Quando o rosto ainda tinha traços e linhas juvenis, o corpo ainda não possuía tantas definições e ele não sabia no que se tornaria, era um atraso plenamente justificado. E vinha pelo caminho ensaiando as desculpas e os sorrisos, as caras e bocas que poderia fazer para abrandar aquele coração de pedra. Não. Ela não possuía coração de pedra. Era maldade de seus pensamentos, isso é verdade.
Pensou em parar no caminho e comprar algo para ela comer. Então poderia dizer que se atrasou porque pegou fila, brigou com o garçon que não tinha troco, e pq o primeiro pedido fora todo errado, então tiveram que fazer novamente, e lembrou que não havia refrigerante, então teve que correr até outro lugar para comprar.. não.. não.. não.. não era convincente e iria ganhar mais bico e um nariz empinado. Ta bom, ele adorava o nariz empinado, pq dava vontade de morder a ponta.
Pensou então em dizer que fora assaltado!! Isso!!! Vinha no meio do caminho e então foi abordado por um ladrão. Não.. um ladrão era pouco né? Ele era forte, então melhor que fossem 3.. não.. 5 e não se fala mais nisso!! Isso.. cinco.. cinco ladrões todos malhadões, e armados até os dentes, queriam roubar dele a carteira, e ele não quis dar. Porque na carteira estava a foto dela. E sem aquela foto que ela tirou fazendo biquinho de beijo ele não ia viver. Brigou, derrubou dois, tomou uma coronhada, caiu.. mas era capoeirista então derrubou no rabo de arraia, e aú. Jogou todos no chão que assustados saíram correndo. Aham.. e achava mesmo que aquela historia ia convencer alguém? Ele não era o Chuck Norris, muito menos o Jack Bauer.. então melhor pensar em outra coisa.
Seguia ainda o caminho cumprimentando um e outro que passava, amigo que batia na mão, falava que tinha saudade, queriam marcar um joguinho no fim de semana, churrasquinho regado a violão! Ele ria, conversava e seguia seu caminho direto para o destino traçado.
- Está atrasado..
A voz novamente retumbava, e servia como alarme para ele lembrar que não podia ficar de conversa fiada ou só chegaria no dia seguinte uma distância que era como de sua casa até a padaria.
Flores!!! Flores sempre colam!! Seriam Flores. Iria dizer que estava vindo e lembrou da promessa diária de lhe dar flores. É.. as flores de todos os dias, valiam do jardim, quintal de vizinho, comprada em floricultura, só não cemitério pq ele ainda não tinha passado em frente a um num dia de extrema urgência. Mas então diria flores. Que lembrou-se delas, e hoje queria ser especial, seguiu para a floricultura e pediu um enorme bouquet de rosas.. Aham.. e como ele ia arrumar um bouquet Pedro Bó? Então, esta era a parte mirabolante. Ia dizer que as rosas tinham vindo com abelhas africanas que despertadas pelo caminhar seguiram atrás dele, numa fuga cinematográfica entrando por bares, lojas, estacionamentos, garagens, playgrounds, correu tanto e deu tanta volta que perdeu o horário. E o bouquet? Ahh teve que deixá-lo no meio do caminho..tinha abelhas e não queria que ela se machucasse. Pronto.. era a mais plausível e foi com esta que observou a pequena sentada na porta de casa. A pele morena, os cabelos negros que ele sonhava em ser envolvido por eles toda noite. Os olhos castanhos-esverdeados semi-fechados na expressão da pouca paciência. Certo.. rosas.. rosas.. flores.. abelhas africanas.. tudo memorizado. Aproximou-se. Ela se ergueu de imediato, as mãos na cintura como se fosse lhe dar uma bronca suprema.
- Está atrasado!!! - Dizia numa voz doce e ainda assim reclamona. Com um biquinho e o nariz empinado, olhando para ele. Queria uma resposta que convencesse.
Ele a olhou. Estreitou os olhos, numa expressão de cachorro abandonado e com fome. E a resposta magnífica?! Não fora dada. Ele ergueu um pouco a camisa mostrando os arranhões no peito, no lado do coração. Pronto. Nada melhor que a verdade. Se atrasou pq se machucou no caminho.
- Eu me machuquei no caminho...Mas eu vim..
- Ahh Bebê! – sempre disseram que mulher não consegue ver seu amor machucado. Ela o abraçou cobrindo de beijinhos, e a expressão severa de biquinho e olhos serrados era vencida por beijos que cobriam o rosto. Tava tudo explicado então.
Os olhos vermelhos de Samekiel se abriam. Fora um sonho.. um sonho que lhe trazia de volta a certeza de que tinha que encontrá-la. Tinha que encontrar sua luz.


Rabiscado por Sandman

4 :... Encontre a si mesmo ...:

9:50 AM
 

Um Prêmio...



Olha só.. acabo de receber meu primeiro selo, numa indicação feita pela minha irmã, Tyr. Não sei seindicação familiar tá valendo, mas de todo o jeito, eu agradeço e muito pela lembrança.
Agora tenho que escolher 7 musicas e 7 blogs de pessoas especiais.. bom.. muitos dos que conheço ja foram premiados, mas vamos lá ao que interessa.
Músicas:
Escolher só 7 é um martírio para mim que sou um ser musical. Rs. mas tudo bem
1 - O que eu tb não entendo - J. Quest
2 - Sweet about me - Gabriella Cilmi
3 - The Dance - Renato Russo
4 - Truth - Seether
5 - Animal Instinct - Cramberries
6 - The Mummer's Dance - Loreena McKennit
7 - Fever - Michael Bublè
Agora, escolher 7 lugares para vcs conhecerem... okey.. okey..
1 - Mil e uma - O blog de uma menininha muito especial que atende pela alcunha de Lila, minha maninha.
2 - Somos todas umas vacas - de minha grande nova amiga de infância, Ana Paula e da DM tb
3 - Asas Negras - O canto do anjo de asas negras.
4 - Diversas Ideias - É o canto da mala de mão que eu arrumei, Taynar Fogueteira. Tá. Admito que ela escreve bem, mas não se gaba heim! Shiu!
5 - Porque Cargas D'Água - Pq separados eles escrevem bem, e juntos são melhores ainda.
6 - Eu versus eu mesmo - a casa do Magalhães
7 - Liga das Meninas Cuequinhas - Vale pelos textos divertidos das três joselitas sem noção.
Pronto! Dever de casa cumprido!!


Rabiscado por Sandman

2 :... Encontre a si mesmo ...:

9:54 AM
 

Entre Caídos e Querubins.



Já fazia algum tempo que ele estava ali. Agachado sobre o encosto da poltrona. O ruído do marfim que ele esfregava um ao outro enquanto montava algo nas mãos. Fora este som, apenas o mensageiro dos ventos que fazia um suave tilintar no quarto infantil. Não demorava muito para que o pequeno imponente entrasse no quarto. Serelepe e animado como sempre, curioso com a luz que vinha do computador, passou direto diante da figura alada que estava empoleirada em sua poltrona. Mas o ruído dos marfins chamavam a atenção e o pequeno arregalava os olhos voltando-se para ele.

- Woow.. quem é você? – A voz infantil saia sem medo. E assim Samekiel riu. Ele era corajoso. Falem o que quiserem falar, Ele nunca se engana em seus escolhidos.
- Eu? Um amigo..

O Pequeno estreitou os olhos e se aproximou. Pé ante pé com o olhar curioso e calmo de criança. O nariz altivo de quem busca o saber. E o ruído do marfim lhe chamava a atenção novamente. Ahh se não fosse o ruído talvez ele passasse direto e fosse ver outra coisa que lhe chamava a atenção. Talvez o barulho da mãe na sala, a espirrar. Mas o barulhinho e a coloração do marfim lhe prendia.

- O que é isso? – a mãozinha apontava para o colar que estava pendurado entre os dedos do ser alado. Os pedaços de marfins talhados com diferentes formas que pareciam dançar no ar.
- Um presente. Estou indeciso entre a cor desta pedra... – abaixava um pouco o tronco exibindo para ele o pedaço de ametista lapidado. – o que acha?

O pequeno sentia-se importante. Estava sendo consultado para algo. Sorria satisfeito, meneando a cabeça afirmativamente.

- Aah ficou maneiro ó.
- Ficou? Então deixarei desta forma.. – e dava por terminado o serviço. Fazendo um leve afago nos cabelos do pequeno que deixava-se tocar aquelas pequenas imagens brancas.
- Ah.. olha!! São asas!? É de verdade!? - A curiosidade infantil voltava a assolar, quando o pequeno subia no assento da cadeira para se aproximar do ser de asas cor de chumbo. O toque sutil dos dedos de menino que deslizavam pelas pesadas penas cinza escuro, que beiravam o preto.
- São sim.. São as minhas asas. – Ele sorria. Deixava que as asas se movessem, abrindo levemente com todo o cuidado, apenas para vislumbrar mais uma vez o olhar extasiado do garoto. O aspirar de ar em espanto que ele fazia. Olhinhos vidrados naquela coisa que se abria e em total envergadura quase que lhe tomava toda a parede do quarto.
- Que legal!!!! Eu quero uma dessas ó! Você sai por aí voando?!
Ele ria. Apoiava os cotovelos dobrados no próprio joelho para olhá-lo mais de perto.
- Você terá. Quando crescer, terá asas tão grandes quanto estas. E mais bonitas também.
- Nooooossa.. Assim quando eu for mais maior de grande?
- Sim. – Sorria – mais maior de grande e mais forte. Por enquanto só precisa do seu sorriso. Não de asas.. e voar.. hmmm.. basta que feches os olhos..

O sorriso de admiração infantil surgia, mas já era tomado por nova curiosidade, ainda mais por que na luz, poderia ver o rosto marmóreo daquele ser alado.
Ergueu a mão para desenhar-lhe o rosto.. Os traços angulares e firmes. Belos e marcados. Os dedos deslizaram sobre a superfície vermelho sangue dos olhos daquele ser diferente.

- Sabe... olhava o caído novamente. – você parece um anjo.

Samekiel sorria. Sobrancelhas arqueadas. A roupa negra que lhe cobria o corpo agora emprestava um tom mais sombrio a imagem pálida.

- Ah é? Eu pareço? E com que anjo eu pareço? – olhava de um jeito divertido para o pequeno a sua frente que falava com ares de gente grande. E o pequeno levava o indicador aos lábios. Como se pensasse por alguns segundos. Talvez tivesse resolvido falar o primeiro nome que lhe vinha à mente.
- Hmmm..parece com o anjo............... Gabriel
- Hm.. sou mais bonito e menos fresco do que ele....
Sorria, e os ruídos que vinham pelo corredor lhe chamavam a atenção.
- Está na hora de dormir mocinho!
E o pequeno rosto se contraia numa expressão divertida de “xiii, ela nos pegou!” e Samekiel sorria. Erguia=-se da poltrona, tomando o pequeno no colo, levando-o para a cama.
- Ela está certa.. está na hora de dormir..
E o indicador suavemente pousava sobre os lábios do pequeno, na marca do silêncio, a cavidade acima da boca.
- Shhhh.. – Boa noite pequeno. Bons sonhos..

O pequeno sorria, meneando a cabeça e ele seguia para a janela. Um salto que o entregava para a escuridão da noite. Agora ele poderia seguir para ver a Luz. A primeira visita a seus protegidos fora feita. E num piscar de olhos a presença da figura de asas cinza chumbo já não podia ser vista no quarto do pequeno querubim Omaliel. A porta do quarto se abria, e a mãe do pequeno entrava. Os olhos atentos procurando pelo quarto.

- Com quem estava falando, mocinho? – ela sorria enquanto ia cobri-lo de lençóis e beijos.
- Com meu anjo da guarda! Boa noite mamãe.

Ela sorriu. Achava graça do jeito despojado. Mais uma leva de beijos era dada, e ela enfim saia, quando ele cansado da traquinagem do dia a dia adormecia.


Rabiscado por Sandman

5 :... Encontre a si mesmo ...:

1:01 PM
 

Com a queda, a evolução.





Fora arremessado, ou jogou-se? Em que momento de sua divinal existência ele debateu-se com a fria escolha? O vento frio e cortante que feria a pele mármore lhe soprava pequenas e antigas verdades.
- Um dia vais precisar escolher de que lado ficar meu irmão.
Fechava os olhos. Gostos de sangue, gosto do próprio sangue, do sangue de outros. Quando seus olhos de um azul tão doce se tornaram rubros? Rubros como sangue injetado. Rubros de uma ira contida que ganhava proporções e formas dentro dele. Estava ainda no topo da montanha. Ainda ouvindo as vozes de seus irmãos que se misturavam num bailar sem fim. Vozes dos suplicantes, e ele que outrora rasgava o sol por qualquer suspiro de dor que viesse com o vento, agora selava seus ouvidos para todo e qualquer ruído que não viesse de si mesmo. Era o momento da escolha e qualquer barulho, qualquer som que interrompesse isso poderia ser fatal em sua decisão. Mais um passo foi dado. Os pés descalços pisavam a pedra fria pelo ar da noite. Rasgava a túnica carmim que usava. Deixava a pele marmórea de um corpo desenhado em músculos que outrora lhe foram entregues para expressar sua força.
- Que seus braços e pernas sejam fortes para que possas suportar e ajudar a suportar os pesos do mundo.
Ele ri.. ri de um jeito insano de sarcasmo.
Havia cansado. Havia cansado de escutar a voz dos homens. Ele esqueceu de lhe dizer o quão mesquinhos são aqueles que Ele chama de filhos. Sua imagem e semelhança. Isso o fazia crer que o Criador era então tão mesquinho quanto e ele ria. Ria por notar quanto tempo aquele véu de incertezas ficou plantada em sua mente. Quantas vezes ergueu a sua espada de um fogo tão azul e lutou por verdades que não eram suas.. nem de ninguém. E ria. Ria a um gargalhar de dobrar-se. O corpo marcado por cicatrizes de guerra. Guerra contra demônios, contra caídos, contra seus próprios irmãos.
As asas que se abriam inteiras em total envergadura, alvas, mas sem brilho. Sem a vistosidade que apenas a ingenuidade pode trazer. Uma ingenuidade que ele já não possuía mais. Não queria mais. Lembrou-se de tempos atrás. Quando seu prestimoso irmãos de asas negras lhe protegia. Talvez preparando-o para este exato momento. E mais um passo. Agora o abismo que se seguia adiante parecia lhe clamar. Um convite aterradoramente delicioso. O olhar para o céu lhe exibia o clamor do Pai. Livre-arbitrio, foste tu quem disseste... E o sorriso de ironia era entregue... Não havia mais ingenuidade, não havia mais pureza. O corpo fora maculado por mãos das mulheres do mundo que o desejavam por sua beleza e sua áurea. Deixou que as asas brancas o abraçassem mais uma vez. Sentiu a maciez das penas que lhe afagavam o rosto, o envolviam como um casulo.
E ele ri.. ri de um jeito insano de despedida.
As asas abriam com ferocidade. Erguiam-se para o ar como se quisessem levanta-lo e impedir que ele tomasse tal atitude.. ele dava a volta. Deixava que o vento frio lhe lambesse o corpo nu. Enquanto caminhava para longe do abismo. E parava. Aspirava o ar, sem sentir o cheiro que dele poderia vir. Tocou cada partícula do ar que vagava ao redor do rosto, do corpo e esticou a língua tocando-o. Virou-se com velocidade e correu na direção do abismo novamente. A boca aberta em um grito de liberdade que sua existência queria dar há muito tempo mas em nome dos desígnios, se mantinha morto em seu peito. E saltava. Para desespero das nuvens, para sorriso das trevas ele saltava. Uma queda longa, densa e pesada que o levava em um ângulo reto direto para o chão de pedras. As asas que pouco a pouco iam se desintegrando, iam deixando de existir. Os olhos que de rubros claros se tornavam vermelho sangue. Caia. Caia para viver a sua escolha e viver entre os homens. Caminhar entre eles. Não como um homem, não como um enviado. Mas um caído.
E o estrondar que se escutava e ressonava por todo o planeta. Que balançava plantações e espantava os animais. O mar respondia em fúria. A queda. A Evolução. A dor. A liberdade e a escolha. A leveza. Erguia o corpo. Cada milímetro de seu corpo lhe doía. O gosto do sangue que agora sentia era apenas o seu. E isso o fez rir.
Um riso insano de satisfação.
Fechou as mãos na terra. Sentindo os grãos de areia que se misturam com o suor. E ajoelhava-se para nova leva de dor. Aquela que vinha das homoplatas. Que expurgavam o que restava de penas brancas de suas antigas asas. Expurgavam com os restos do sangue divinal que a prendiam na carne. Com a cartilagem que se grudava ao esqueleto. Estava sujo de barro vermelho e as penas cinza chumbo surgiam. Saiam lentas, grossas,levando consigo seu novo sangue. Um sangue escuro e forte. Forte como todo ele o era agora. A dor que o fazia apoiar-se com os punhos cerrados no chão. Mas que arrancava consigo um prazer inenarrável e ele ria.
Um riso insano de liberdade.
As asas se abriam. Ele sabia que haviam olhos conhecidos a lhe espreitar. Mas não disse nada. A dor cessava junto ao respirar ofegante. Ele erguia-se. Renovado. Forte, As asas chumbo o envolvia num bem vindo acolhedor. Ásperas, grossas, violentas e afiadas. E ele olhava ao céu que derramava sobre a terra lágrimas em forma de uma chuva espessa.
- Agora sou Samekiel,e escolho os pesos que carrego.. agora eu escrevo a minha historia.
E seguiu. O sorriso de satisfação era dado aos olhos conhecidos. Ele partia em direção as luzes da cidade, e ele nunca.. nunca havia percebido como elas eram lindas.


Rabiscado por Sandman

7 :... Encontre a si mesmo ...:

1:00 PM
 

Recado importante


Este recanto encontra-se em reforma.
Algumas mudanças
Algumas asas trocadas
Algumas perdas
Algumas vitórias
E vamos escrever uma nova história.


Rabiscado por Sandman

0 :... Encontre a si mesmo ...: